segunda-feira, fevereiro 16, 2009

A Dúvida


Porque foges?
Porque te escondes de mim todos os dias sem que eu te possa tocar?
Porque ignoras os meus pedidos?
Sou menos que nada, não importo, não mereço?
Ou sou tão vil e imundo que tenho que viver escondido dos teus olhos?

Dizes-me que me amas, mas não me atendes,
dizes que me vês, mas não olhas para mim.

Porque sofro?
O que foi que eu fiz?



Eu vejo.
A cada minuto olho para ti e vejo o teu sofrimento, mas, sobretudo, a tua falta de fé.
A cada instante que pedes ajuda, recusas acreditar que estou lá contigo.
Lamentas uma sorte infeliz, mas trabalhas nela dia-a-dia, empenhas-te demasiado em mantê-la contigo.
Liberta-te. Pousa o fardo que carregas e não o lamentes, entende-o.
Tudo tem um sentido, até o teu sofrimento, e cabe a ti descobrires a razão.
A resposta está lá.
E a minha ajuda só serve se acreditares nisso. E em Mim.
Criei-te para seres feliz, se não o és, o que te falta?
Crê.
Em Mim, em ti, e nos outros.
Tudo o resto aparecerá por si só.
Mas crê.

quinta-feira, junho 14, 2007


Na penumbra do anoitecer,
Deixo cair os braços, em desânimo, cansado,
Aguardando o fechar dos olhos para a noite que antecede a manhã seguinte.
Mais um dia, mais um arrastar de alma…
Olho o horizonte, lá longe,
E não vejo lá nada que possa indicar-me o caminho, a maneira de ser feliz.
Mas não é lá no horizonte que procuro.
Procuro no meu ser a resposta para as questões que me cercam,
e, se estiver bem atento, com os sentidos do espírito alerta,
ouço, vejo e sinto a voz quente d’Aquele que veio para me guiar,
e para me dizer somente: “Estou aqui, contigo, dá-me a tua mão e vem comigo”.
Todo o desânimo cai, todo o meu coração se enche de fé,
Porque sei agora qual o caminho para ser feliz, e sei como chegar ao meu próximo.
Num segundo, salto para fora do meu esconderijo de fraqueza,
E sou um entusiasta da Vida, quero agarrar o mundo,
E dizer-lhe que Jesus está comigo, e me ensina coisas maravilhosas todos os dias.
Deixo de conhecer o cansaço,
porque sinto o vigor da Fé que me corre, como sangue, nas veias.
Obrigado, Senhor, pela Vida que me deste e que me trazes sempre,
Pela Fé, que me salva, me enche a alma de luz e me faz querer partilhá-la com o meu irmão,
Pelo Caminho em que me guias pela mão, e me levas aos outros, e a Ti.
(c) Bluerussian
10 de Junho de 2007

Missão


Ouvir.
Ficar em silêncio e ouvir. Um silêncio cá dentro,
que é preciso para escutar quem nos chama.

Um chamamento de vocação, algo
que traça o nosso futuro e o nosso papel.

Só temos que ouvir aquilo que rasga o marasmo da alma,
e nos arrasta para a vontade de Deus.

Ele chama a cada um de nós segundo a vocação de cada qual,
e cada um é livre de aceitar o futuro, e o papel,
que ELE nos propõe.

FÉ.
Temos que acreditar que o que nos é proposto
é toda a razão exacta da nossa existência.

SERVIR.
Toda a vocação é para servir:

na Clausura, na Missão, na Paróquia, no Convento ou Seminário,
no Voluntariado, na Vida Académica, na Profissão Liberal ou Dependente,
e até mesmo naquela vida que parece sem sentido,
o mote é servir: a Deus, e aos outros – porque servir a Deus é servir os outros.

A vida corre, e mal damos por ela;
junto da Comunidade, temos todo o nosso lugar a preencher;
e se acaba sem termos cumprido a Missão?

Temos que fazer sintonizar a vontade Divina com o nosso agir,
E a Felicidade será isso.
(c) Bluerussian
8 de Fevereiro de 2004

quarta-feira, junho 13, 2007

Advento


Um barco navega no mar,
sem vela, sem leme, sem rumo.
À deriva, completamente abandonado ao seu destino,
o pequeno barco balança sobre as ondas,
estremece cada vez que o vento assobia pelo convés.
Não tem marinheiro, nem ponte de comando,
apenas dança conforme a música das ondas enraivecidas.
Esse barco somos nós.
Quantos de nós não se perdem em devaneios,
vagueando sem rumo pelas ruas,
em busca da árvore de Natal perfeita, do jantar de Natal perfeito,
do ambiente perfeito, do presente perfeito – do Natal perfeito?
Tal como o pequeno barco,
balançamos ao som das melodias de Natal,
num ledo engano que não leva a lugar nenhum.

Porque não ousamos ser diferentes,
vivendo o advento pelo que ele significa,
preparando a chegada daqu’Ele que tudo faz por nós?
Tocados pela serenidade, teremos a consciência de que o verdadeiro Natal
nada tem a ver com consumismo,
antes é todo caridade, família, paz e amor...
Jesus é o rumo que nos leva a bom porto,
e temos que estar vigilantes pela sua chegada,
para o acolher nas nossas vidas, tal como Sua Mãe o acolheu.

Ousar, estar vigilante, orar, deve ser esse o nosso mote,
a carta que devemos seguir neste mar revolto dos dias de hoje.
Estando atentos, abriremos a nossa alma às subtilezas do verdadeiro Natal,
e receberemos o nosso Jesus de braços e coração aberto.

E o pequeno barco terá um rumo, uma orientação,
e atravessará oceanos e mares, sem nunca naufragar.
Porque ousou ser diferente, ousou preparar-se,
ao invés de se deixar levar pela vã fantasia do efémero.
Ousou atravessar as ondas com a teimosia da fé, vigiando sempre,
e vence a cada porto seguro que encontra.

Jesus, ajuda-nos a encontrar neste advento o caminho até ti, para que possamos descobrir o verdadeiro natal, sem as futilidades de um Natal em vão.
Ajuda-nos a vigiar, a orar, a rumar ao porto seguro que é o teu Presépio, sem nunca sofrer o desvio do mar revolto da vida da humanidade de hoje.
Porque, contigo na ponte de comando, o rumo estará traçado... até ti.
(c) Bluerussian

Talentos

Viajamos pela vida à procura de um futuro.
Queremos chegar lá para depois continuar em frente,
fazendo aquilo que consideramos ser o nosso sonho.
É uma caminhada longa, árdua e sinuosa,
mas trabalhamos para que possa ter um fim, o fim que esperamos.
Queremos usar as nossas qualidades, que são os “talentos” que possuímos,
para tornar este mundo um local melhor para viver,
um canto do universo onde se sabe dizer “felicidade”, “paz”, “amor”,
sem ter nada a esconder, sem qualquer reserva.
Cada um com o seu projecto, todos nós temos muito para dar ao nosso próximo, a vós todos.
Cada rosto que aqui vêem é uma mão-cheia de sonhos que lutam para se concretizar,
e cada um desses sonhos visa trazer uma mais-valia à comunidade humana,
uma mão amiga para poder dar ao vizinho do lado ou ao desconhecido de longe.
Muitas vezes é-nos barrado o caminho,
com todo o tipo de entraves, e temos medo de não conseguir continuar a nossa marcha.
De cabeça entre as mãos, esperamos muitas vezes,
na beira do caminho, que venha a coragem, o arrojo e a força
para prosseguir.
Aparece então o braço forte de alguém que nunca, mas nunca,
deixa de estar atento aos nossos passos.
Alguém que incansavelmente vigia os nossos progressos e recuos,
alguém que está sempre pronto a estender a mão para nos arrancar da inércia, do medo, da desilusão,
e que nos empurra suavemente, de novo, para o caminho.
E continuamos.
És tu, senhor, que nos manténs na luz da esperança,
Que nos puxas de novo para o caminho que nos leva aos nossos sonhos,
Para o caminho que nos leva aos outros.

Senhor, permanece sempre ao nosso lado, dá-nos a tua mão para que possamos fazer dos nossos “talentos” a felicidade dos outros, construindo a nossa própria felicidade.
Olha por nós, caminha connosco, e daremos ao nosso próximo um pouco de nós... e de Ti.

(c)Bluerussian

Domingo, 17 de Novembro de 2002

segunda-feira, junho 11, 2007

Ab Initio

Sou católica. Praticante. Crítica de alguns aspectos, mas defensora de outros, em relação à Igreja Católica. Porque o fanatismo é cego, porque questionar é aprender e alargar conhecimento.
A ideia não é catequisar nem persuadir, com este blog. É apenas guardar, e mostrar, alguns escritos que foram sendo lavrados desde há 8 anos a esta parte, e os que mais vierem, para enquadrar em alguns momentos do culto religioso, e ainda mais alguns escritos, não meus, mas de quem os escreveu com alma, também.